sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tram

Trams! Como prometido... (Dica: pronunciem este "M" bem forte, se não os francófonos vão pensar que vocês estão dizendo "trem" (train).

Tram na cidade de Gent
O famoso traM nada mais é do que um bonde. Um bonde moderno, claro, todo fechado porque aqui faz frio. O que acho curioso sobre o tram e a cultura européia é que as estações de tram são abertas, quer dizer, você não passa por nenhuma catraca para entrar no tram. As máquinas para colocar o bilhete ficam dentro do próprio tram e não existe nenhuma catraca dentro como os onibus no Brasil, não não, você simplesmente entra e se quiser põe o bilhete na máquina. Ou seja, se você quiser você pode andar de tram na faixa, mas o povo aqui sempre respeita, fico boba! Sempre penso "jamais no Brasil".  

Já no metro existe catraca (está mais para uma porta de vidro, como nas estações da linha amarela de Sampa), mas você pode entrar no metro usando os trams que fazem conexão, ou seja, é possível andar de  metro de graça também. Mas é arriscado! A multa está por volta de 80 euros, o bilhete sai por volta de 2. 

Confesso que já andei de metro e tram de graça (quando eu ainda não tinha a minha carteirinha mensal), e vou dizer que fiquei com o coração na mão o trajeto inteiro, sempre verificando se não entrava nenhum guardinha, até que descobri que o controle é diferente. Aqui, quando eles querem verificar se o povo pagou, ao invés de exigir o ticket dentro do metro (como fazem no trem - que aliás também dá para andar de graça e também já fiz), eles ficam aguardando as pessoas nas saídas do metro, assim não tem como escapar. (Você pode ler mais sobre essa forma de controle nesse outro post: Passagens, por favor!)

Mas como eu ia dizendo... O que eu acho mais curioso sobre o tram é que ele faz praticamente parte do trânsito da cidade. Quer dizer, em algumas locais os carros e os trams têm que partilhar a rua, mas na maioria das vezes os trams têm linhas à parte, separadas por calçadas. Mas tram tem que respeitar sinal vermelho.

O bacana de andar de tram é que você vê a cidade, já que na maior parte do trajeto eles andam na superfície. A parte ruim é que, por andarem na superfície, a velocidade é bem baixa, então se você estiver atrasado e puder escolher entre tram e metro, sem dúvida, pegue o metro.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

sábado, 19 de janeiro de 2013

Feedback dos presentes


Como os franceses encaram presentes...

Antes de vir para a Europa, eu, na minha simpatia de brasileira, fiz questão de comprar presentes para a minha host family. Comprei presente até para a avó (pode-se ler aquiaqui, e aqui). Ainda comprei presentinhos extras que nem coloquei no blog... Se você é uma futura au pair e pensa em fazer o mesmo, pense 2x.*

Quando eu cheguei aqui na casa, na hora da janta, já logo chamei todo mundo na cozinha dizendo que eu tinha presentes. Comecei pelo presente da avó. Assim que eles recebiam, já me agradeciam, contentes, dizendo que era muito bonito e em seguida simplesmente colocavam os presentes de lado, depois, simplesmente foram jantar. Até aí tudo bem, era mesmo hora de comer... Só que ficou nisso, não teve nenhum "uau, vou por no meu quarto" ou um "bacana, como brinca com isso?"

Tá duvidando? Olha só o destino dos presentes. A ararinha de louça do host continuou na cozinha, do lado da pia, onde ele a abriu. O quadrinho da host virou enfeite de maçaneta do armário. Os das kids, bem, cada uma enfiou em um lugar e nunca mais brincou. O presente da avó? Ah...o da avó...

Ela ficou conosco aqui uma semana, enquanto eu me adaptava. No dia de sua partida falei para ela não esquecer o presente, a resposta foi simples: "não cabe na minha mala". Resultado, ficou no quarto de hóspedes (o meu quarto, servindo de enfeite para mim, a presenteadora)

Para a minha sorte (ou aprendizado) foi aniversário do host na sexta, e pude observar como eles reagem diante a um presente de um outro francês, de um membro da própria família. O que foi bom, pois o meu desapontamento diminuiu um pouquinho. 

Eles compraram um bolo, depois do jantar acederam uma velinha e cantaram o parabéns mais sem graça que já vi na história. Um mero "joyeux anniversaire", sem palmas, sem ninguém de pé e com as luzes acesas. Isso que é emoção hein? Depois do bolo vieram os presentes. Camisas da esposa e da sogra, desenhos das kids. Ele recebeu tudo com muitos agradecimentos e elogios, depois largou no canto e ficou lá por quase um mês. Pois é...

Tento não levar para o pessoal, afinal, faz parte da cultura deles, e vivenciar a cultura da host family faz parte do programa de au pair. Mas que você fica pensando como os brasileiros são muito mais simpáticos e divertidos, e fica muito grata de ter nascido numa sociedade mais alegre, ah, isso você pensa... 

Agora fico imaginando como deve ser divertido o natal por aqui!


(Desculpe a demora, promessa antiga! Este texto já estava pronto, não sei porque não postei antes)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Inverno

 Bélgica, ô terrinha gelada! 



Antes de vir para cá, eu fiz muitas pesquisas sobre esse país, uma delas foi sobre o inverno, claro. Li em muitos lugares e ouvi muitas pessoas me contando, que aqui não costuma nevar muito, que o povo não está preparado para a neve, etc, etc... Fiquei um pouco desapontada, devo dizer, mas também achei esquisito, afinal a Bélgica fica do lado da Alemanha, praticamente na mesma altura da Inglaterra, e neva nesses países. Não faz sentido!

Acho que como muitos brasileiros, eu cometia o erro de achar que nevasse em toda Europa, mas fiquei bem surpresa ao descobrir que é meio raro nevar em Paris por exemplo, que a Espanha (por esses lados) é conhecida como a terra do sol, onde se acham as melhor frutas.

Entrevistando belgas, descobri que ano passado só nevou duas vezes aqui na capital. Eles me disseram também que normalmente neva bastante na região sudeste (ou seja, perto da Alemanha e de Luxemburgo), que lá tem vezes que chega a um metro de neve. E que quanto mais perto do mar e da Holanda menos neve você verá. Algumas pessoas mais velhas também me contaram que no tempo delas (lá pros anos 50, 60) sempre nevava, e muitas vezes chegava a um metro de altura (acho que o aquecimento global está mesmo modificando o clima), e que é normal as temperaturas chegarem a -15ºC.

O fato é que ainda me restam dois meses de inverno. O primeiro mês nevou duas vezes e depois as temperaturas subiram para 10ºC (gente, isso é quente viu...). Mas agora, nessa semana, a coisa ficou feia, os termômetros baixaram para -8C. E -8 é muuuuito frio, pelo menos está tudo branquinho lá fora. 


Mas deixa eu dizer uma coisa para vocês, -8 é muuuito frio. Imagine que a 10ºC você sai de boa na rua com um casaquinho de lã e uma jaqueta, a 0ºC você já precisa usar casaco de neve, cachecol e sapatos quentinhos. Agora a -8ºC é impossível sair sem luva, sem palmilha e meia calça térmica, sem gorro ou faixa para a orelha. Uma vez eu sai para tirar fotos sem a minha luva e a minha mão começou a ficar vermelha, dura, eu mal conseguia dobrar meus dedos. Chega a um ponto em que você não os sente mais, como se estivessem anestesiados, naquele dia não teve jeito, tive que tomar um chocolate quente. 

Minha obra-prima

Vista do meu quarto


Parque perto de casa

caminho para o metro

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Minha rotina

Neste post vou contar para vocês um pouco da minha rotina. Antes de ser au pair, eu ficava fuçando vários blogs de au pairs para tentar descobrir como era a rotina delas, mas nunca achei nada muito relevante. Então achei uma boa compartilhar. (Lembrando que cada família, em cada país, tem uma rotina diferente).

Acordo todos os dias às 7h. Às 7h30 meu trabalho já começa, preciso ajudar as kids no café da manhã e preparar a lancheira do menino. Entre 8h e 8h20 eu levo o menino na escola (de carro). Chego em casa às 8h45 para deixar o carro e sair correndo pro meu curso de francês, que começa as 9h e eu sempre chego uns 15 min. atrasada (fazer o que, levo 30min de metro + tram). 

Meu curso acaba à 13h, volto correndo para casa, chego 13h30 e tenho uma hora de almoço. Às 14h30 preparo a janta das kids, e saio de casa para buscá-las às 15h. (A aula do menino só acaba às 15h30, eu saio com antecedência porque senão não encontro vaga). Levo mais ou menos uma hora e meia para buscá-los, então chegamos em casa só as 16h30. 

Com as kids em casa começa o drama, preciso ser rápida e criativa para distrai-los, isso porque normalmente eles choram para sair do carro, choram para tirar o sapato, e ficam nesse chororo até jantarem, ou seja, lá pras 17h eles já estão comendo. Daí fico distraindo eles até mais ou menos às 18h - 18h30 que é quando a minha host chega e assume o posto.

Dai estou livre, quero dizer, ainda preciso estudar a matéria do dia, arrumar o meu quarto e banheiro, lavar roupa (as minhas), e coisinhas assim, então normalmente só fico livre mesmo a partir de umas 20h. Voilà, esta é a minha rotina como au pair.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Quer dirigir na Bélgica? Atenção!

Se você está pensando em vir para a Europa e quer dirigir, se prepare! Por que? Vamos lá...

A primeira coisa que você deve saber é que carro nunca tem prioridade, nunca. Ok ok, não posso falar da Europa toda. Mas aqui na Bélgica é assim: a prioridade é sempre do pedestre. A regra é: se o pedestre surge do nada e quer atravessar, você deve parar, estando ele na faixa ou não (e se você não parar, eles te xingam). Ok ok, se ele não estiver na faixa não é a sua obrigação parar, mas quem é que não para?

Em seguida, é o ciclista que tem prioridade. Aqui em Bruxelas, ciclovia é uma coisa nova (existe faz pouco mais de um ano), então nem todas as ruas têm ciclovias ainda. Ou seja, você pode topar com uma bicicleta no meio da rua a 0km por hora, adivinha, você terá que respirar fundo e andar a 0km por hora também, até conseguir ultrapassar.

Depois vêm onibus e tram. Sempre, sempre os deixe passar, ou é multa na certa.

Existe uma certa regra quando se vai dirigir que nós, brasileiros, tendemos a esquecer, aliás, acho que a maioria dos motoristas brasileiros nem sabem que ela existe: a preferência é sempre de quem vem da direita. Confesso que ainda não me acostumei com esse pequeno detalhe e vivo sendo xingada. Mas gente, qual é, estou numa rua de mão dupla, surge um carro à direita de uma ruazinha estreita e quer entrar na minha frente? Ah, tenha paciência né, a minha rua que é a principal, ele que espere! 

Mas para vocês terem uma noção de como a preferência para quem vem da direita é rigorosa, eles criaram uma placa (esta ao lado) que nunca tinha visto no Brasil. O triângulo quer dizer preferência, a seta larga indica a rua principal, e o rabicho no meio da seta indica que a rua que vem a seguir é de menor importância, então que neste caso, exclusivamente, pode-se seguir em frente sem parar para o chato à direita entrar.

À parte tudo isso, outra coisa que deixa a desejar na hora de dirigir é a velocidade. Aqui em Bruxelas, a velocidade máxima para andar na cidade é de 50km por hora. Isso mesmo, 50! (Imagina, eu não ando a 50km/h nem nas ruazinhas de São Paulo, me dá sono dirigir aqui!). Claro que em algumas avenidas você pode chegar a 70km/h, que são aquelas maiores, equivalentes às marginais, mas elas nunca fazem parte do meu caminho (obviamente)...

Saiu de carro, vai ter que estacionar.



Novamente, não sei como é no resto da Europa, mas aqui os belgas não sabem estacionar não. Morro de rir de ver o povo sofrendo para parar o carro. Eles sempre ocupam duas vagas (custa colocar o carro um pouco mais para frente?)! E baliza então... Esquece, isso não existe. Ninguém faz baliza, ninguém! Perguntei para algumas pessoas aqui, e elas me responderam que preferem procurar vagas mais longe. Mas quando não tem jeito, ao invés de fazer baliza, eles simplesmente entram na vaga de frente e sobem na calçada mesmo, pois é, inacreditável!


Agora imaginem só na Inglaterra, onde além dessas frescuras todas, o povo ainda tem que dirigir na mão contrária...