sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Austeridade francesa

Hoje vou falar da austeridade francesa. Talvez esta não seja a melhor palavra a ser empregada, talvez seja mais justo dizer o "jeito francês". Independentemente do nome, hoje senti pela primeira vez a austeridade francesa, e devo dizer, não é nenhum pouco agradável.

Eu já tinha ouvido falar neste famoso jeito-francês-de-ser, já tinha lido em diversos blogs e crônicas, com certeza já conhecia, mas não estava preparada para senti-lo na pele. Este é um daqueles choques culturais típicos, dos mais chocantes! 

Nós brasileiros não somos diretos, não vamos dizer na cara da pessoa que não gostamos dela, simplesmente não funciona assim. Mas os francês não, eles vão dizer tudo o que pensam na sua cara, fazendo questão de saber que você entendeu direitinho. E isso dói, assusta e dá uma nostalgia sem tamanho do nosso querido Brasil. 

Depois de levar uma patada à la francesa dessas (um balde de água fria, um chacoalhão, como preferir chamar) você vai entender porque todos dizem que preferem o Brasil, vai concluir que os brasileiros são gentis e calorosos, vai te fazer pensar em morar mesmo na terrinha amada. É um choque, mas respire fundo, não vale a pena passar a odiar os franceses só porque eles expressaram a própria cultura. É difícil, com certeza, mas você aprende que não dá para continuar muito brasileiro em terras francesas, que, para sobreviver, você vai ter que criar um certo escudo e seguir em frente, ou então voltar para o Brasil. Ou você pode encarar como um aprendizado. Não importa como vai encarar, só saiba que este é o "jeito francês de ser".

Agora, mesmo depois de ter lido isto leitor, mesmo depois de ter sido avisado e prevenido, acredite, você não está preparado para a sua primeira austeridade francesa, e não se engane, se você pensa em ficar uns tempos entre os franceses isto vai lhe ocorrer.



*(Para ser justa, já ouvi o contrário. Já ouvi francês reclamando da "política de boa vizinhança" que os brasileiros adotam uns com os outros, enquanto que na verdade estão pensando o oposto. Eu, como  filha de tupiniquim, prefiro não sair pela rua levando baldes de água fria a cada quarteirão, mas isto vai da opinião de cada um).

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Presentes: ops, faltou um

Um dia desses conversei com a au pair atual da minha host family. A conversa foi bem interessante, ela me contou sobre a rotina detalhadamente, o que fazer com as crianças quando eles fizerem chiliques intermináveis, o que eles fazem, o que comem, como cada um é, como a vó é bacana, que eu vou conhece-la pois ela estará lá na casa, como eles...Peraí, a vó estará na casa??? Congelei na hora. Não que eu tenha medo de pessoas mais velhas, eu só não tinha comprado nenhum presente para ela. Então imagina chegar lá na casa, toda empolgada, ir tirando os presentes da mala e lançar um "foi mal, você não estava na minha lista, aceita um sonho de valsa?" Mico total. 

Para resolver essa questão, acordei cedo no domingo e fui correndo para a feirinha da Praça da República. Assim que cheguei já achei um presente super bacana a um preço acessível, mas olhei a feirinha toda para ter certeza se era isso mesmo e... nada. Então voltei correndo para a primeira barraquinha para comprar este presente aí debaixo.

É um quadro, ou pode virar um, feito de tecido, com uma técnica chinesa X, que se colocado contra a luz fica maravilhoso, e com um tema bem brasileiro. 


Ufa, deu tempo, que alívio! Agora posso embarcar tranquila, quer dizer, tranquila mesmo só vou ficar quando eles abrirem os presentes e gostarem. (Sob outra perspectiva).




domingo, 23 de setembro de 2012

Presentes: distração

Esta categoria de presentes chamo de "presentes para mim". Explico. Comprei alguns brinquedos que são distrações para as crianças, ou seja, um respiro para quando eu não souber o que fazer.

O primeiro é um homenzinho que fica dando cambalhotas, como se estivesse em uma barra de ginástica artística, basta apertas. Tenho certeza que o menininho vai adorar, e é uma boa distração para viagens de carro (se eles não puderem brincar com Ipad ou não tiverem tv no carro, claro...).


Este grilo debaixo é ótimo. É feito de pregador, você aperta, ele gruda no chão e pula. Meu irmão me contou que, toda vez que ele brincava com o grilo, ele fixava o olhar e dizia para si mesmo que não ia se assustar, e toda vez ele pulava de susto junto com o grilo, achei essa história excelente! (Ele tinha por volta de 3 anos na época).  Tentei fotografar o grilo pulando mas é óbvio que não consegui. 


Fantoche de dedo para contar histórias. (O coelhinho é meio assustador, não?)


Dinheiro brasileiro para as meninas brincarem de cidade (adorava brincar de cidade, mas eu usava o dinheiro do banco imobiliário). 


Comprei também o jogo do Mico com animais brasileiros, pulseirinha do Bonfim e missangas (dispensam fotos). Dica preciosa: minha mãe, como boa pedagoga, me disse para ir mostrando essas coisas aos poucos. Então, para primeiro dar os presentes, depois, quando eles já estiverem ficando entediados, dar outra coisa. Com os fantoches de dedo também, primeiro introduzir um, depois contar que ele tem um amiguinho e assim por diante... Porque desta forma eles sempre terão novidades. (Quanto ao grilo, vou dizer que encontrei um bichinho escondido na minha mala, o menino vai ficar se perguntando como raios ele foi parar lá).

Também pensei em levar elástico (alguém ainda lembra dessa brincadeira?), mas minha mãe me contou que lá na França eles têm elásticos maravilhosos, então fica de dica para quem não vai à França. E claro, tem as famosas 5 marias, que são divertidíssimas, mas estas eu mesma fiz.

Agora sim, terminei a série "presentes". Depois que eu der tudo eu posto aqui a reação deles

sábado, 22 de setembro de 2012

Presentes: lembrancinhas


Quando eu estava comprando os presentes achei chaveiros de havaianas em uma das barraquinhas. Logo que vi achei uma idéia excelente, afinal tinha desistido das havaianas verdadeiras, e em formato de chaveiro era perfeito, assim eles poderiam colocar na mochila. Mas os chaveiros estavam caros e industrializados demais para o meu gosto, então desisti. Dias depois entrei numa lojinha e encontrei outro tipo de chaveiro, um bem típico brasileiro. Foi assim que resolvi comprar estes chaveiros de garrafinha com areia colorida, que é bem mais bacana e impressionante para os pequenos.

Na feirinha da Praça da República também achei esses imãs. Gostei bastante das baianinhas, que são bem típicas do nosso Brasil, então logo comprei para as meninas. Mas para o menino não rolava dar uma baianinha né? E a outra opção da barraquinha era um mini saco de café. Se eu comprasse esse, coitado do menino, ele ia pensar que era um saco de carvão, igual a esses que dizem que o Papai Noel vai dar se a criança se comportar mal. Bom, rodei a feitinha inteira e não achei nada típico do Brasil, como tinha achado o palhacinho uma gracinha, resolvi levar (e está mesmo bonitinho, não?).

Também pensei em dar pedras. Sim, pedras! Os estrangeiros adoram as nossas pedras (cristais, quartzo, ágata, etc.), que são super caras por lá e super comuns por aqui. Mas este ainda estou cogitando...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Presentes: crianças

Para as crianças não é uma idéia muito boa dar enfeites de presente, eles não ligam. Criança gosta mesmo é de brinquedo, ou vai dizer que quando você tinha 8 anos seu presente favorito era pijama? Indo nesta linha, tentei pensar em brinquedos simples, afinal não quero ser extravagante, os presentes são mais lembrancinhas do que presentes propriamente. Também tentei pensar em algo não muito industrial, não quero dar algo que eles já tenham.
Para o menino de 3 anos comprei este pião. Escolhi este modelo porque é fácil para manejar.
 

Este debaixo comprei para a menina de 7 anos (chama escada de Jacó). Parece bobinho, mas a minha mãe disse que eu me divertia horrores com ele quando era pequena. 

E para a mais velha, de 9 anos, comprei um ioio colorido. 


Espero que eles não conheçam esses brinquedos, apesar de serem, digamos, globais, do contrário a situação vai ficar um pouquinho embaraçosa. Dica: quanto mais colorido, mais a criança se encanta.

Bom, estes foram os presentes  Mas sabe, vida de au pair é dura. Imagina ficar tentando distrair as crianças a tarde toda, porque lá na casa eles não podem ficar muito tempo na frente da tv. Então, pensando nisso, acabei comprando outras coisas. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Presentes: hosts (ou chefes)

Finalmente eliminei um assunto que estava me deixando aflita: comprei os presentes para a família. Presentear a família não é obrigatório, mas é de extrema simpatia, sem contar que isso acaba conquistando as crianças (e claro que isso para uma au pair é, como dizem os franceses, genial!).

Mas presentear completos estranhos é algo um tanto quanto complicado. A princípio tinha pensado em dar havaianas, que é algo simples e bem típico nosso. Mas conversando com a Lorena (ex-au pair e habitante da França), resolvi mudar de idéia. Por que? Descobri que os europeus, principalmente as crianças, não usam muito chinelo, primeiro porque é frio e depois porque eles não tem esse costume mesmo. Além disso, também achei previsível demais e industrial demais e eu queria dar algo diferente, mais original. 

Acabei indo parar na feirinha de domingo da Praça da República (São Paulo), que recomendo muito! Lá têm várias coisas diferentes, artesanatos lindos e vai além do básico 25 de Março. Foi lá que comprei quase todos os presentes. 

Primeiro os pais da família (ou os chefes). Pensei em camisetas mas não sei que número usam, depois pensem em cds e filmes brasileiros, mas tampouco conheço seus gostos. Então resolvi dar um enfeite, um artesanato brasileiro.

Para a minha chefe, comprei esse quadro lindo (mil vezes mais bonito ao vivo). É feito de couro, vazado (reparem na cor do fundo) e pintado. Ele tem um certo relevo, que obviamente não dá para ver na foto. Comprei o do tucano porque é uma ave típica das Américas. Ao lado, frente e verso.


Para o meu chefe comprei um enfeite de mesa. É uma peça feita de louça que encontrei na barraquinha do lado da do quadro de couro. (Uma gracinha né?)


Espero que eles gostem, porque comprei com carinho e, honestamente, fiquei com vontade de pegar para mim. Quando eu der, posto aqui as reações.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

E a vida segue em frente

De vez em quando eu paro para pensar na loucura em que fui me meter e me bate um certo medo. Afinal, aonde eu estava com a cabeça quando resolvi ser estrangeira em um país gelado, morar com completos desconhecidos, viver em outra língua e, como se não bastasse, tomar conta de três crianças. Aonde fui amarrar meu burro?

Mas sempre que me bate esse receio, lembro da frase:


E recordo dos motivos e fico novamente feliz com a minha decisão! 

domingo, 2 de setembro de 2012

Dica: blogs

Hoje eu descobri um site muito bacana que reúne blogs de brasileiros que moram longe da terrinha natal. Com certeza não tem todos os blogs brasileiros do mundo, mas tem muitos!

Então, para quem for para a Índia, Hungria, Bolívia, Angola (ou quem sabe Bélgica) dá uma passadinha por lá e descubra as curiosidades do seu país de destino. Site: Mundo Pequeno. Boa leitura!


sábado, 1 de setembro de 2012

Sonhos que se realizam

Cuidado com o que se deseja quando se é criança pois pode se tornar realidade. 

Claro que qualquer sonho que você tenha, em qualquer idade, pode se tornar realidade, basta correr atrás. Mas sempre achei os sonhos de criança diferentes. Quando somos adultos, nossos sonhos são mais conscientes, mais racionais. Você sonha em ir para Paris, por exemplo, porque conhece um pouco da história, da cultura, da paisagem, ou seja, você já tem uma noção do que vai encontrar por lá. 

Mas quando se é criança, os sonhos são diferentes, inconscientes. Tenho uma priminha que aos 7 anos dizia para todo mundo que um dia ela ia morar na Itália. Era sempre Itália, Itália, Itália. Quando a gente perguntava por que raios Itália, ela nunca sabia dizer. Provavelmente ela ouviu alguém falar, ou viu em um desenho animado. A questão é que ela não conhecia a Itália, mal sabia que era um país, não tinha idéia do que encontraria por lá, simplesmente Itália. 

É por isso que eu acho os sonhos das crianças interessantes. Eles não tem nenhuma lógica, pelo menos não que nem a dos adultos. E são justamente estes que podem se tornar realidade, assim, por acaso. Foi o que aconteceu comigo, e até agora ainda estou meio incrédula.

A primeira vez que ouvi falar da Bélgica eu tinha 10 anos. Era ano de Copa (98) e eu resolvi ver um jogo. Entrou em campo um país, seguido pela "Bélgica" - disse o narrador enrolando bem a língua para pronunciar o L como L e não como U. "Bélgica" eu repeti. Gostei daquele som. "Bélgica", ficava repetindo, achei um máximo. 

Foi assim que fiquei sabendo da existência desse país. Desde então sempre que alguém mencionava algo da Bélgica eu prestava atenção. Memorizei as cores da bandeira, descobri que ficava na Europa, entre França e Holanda, que eles tem um "Atomium" que é a Torre Eiffel deles, que os alemães levaram um dia para cruzar o país, que lá se falava um tal de "Flamengo". 

Oi? Pois é, achei estranhíssimo, que raios os pássaros flamingos tinham a ver com aquele país? De repente eram nativos de lá, vai ver era o símbolo do país... Só bem mais tarde fui entender que o tal do "flamengo" é flemish, que na verdade é holandês. Cada coisa que passa na mente das crianças né? Enfim, vivia dizendo para a minha mãe que um dia eu moraria na Bélgica.



Mas o tempo foi passando, fui aprendendo que o mundo é grande, fui ficando com vontade de conhecer muitos outros lugares e praticamente esqueci daquele país.

E foi assim, também por acaso, que a Bélgica cruzou o meu caminho de novo. Foi por acaso que resolvi estudar francês, nunca tive interesse pela França, resolvi aprender a língua apenas para aprender a ler e pronunciar corretamente palavras como "beaucoup", "reçois" etc... (Eu estava na faculdade e era obrigada a ler muitos textos em que apareciam palavras francesas, e eu não sabia pronunciar). Foi, também por acaso, que encontrei a família na Bélgica. Quando eu criei meu perfil no site, procurei famílias em qualquer país que falasse francês, a Bélgica nunca foi prioridade, na verdade eu me focava mesmo na França. Mas aconteceu, a mágica se deu com uma família da Bélgica, e ainda por cima de Bruxelas. 

Quando eu tinha 10 anos, eu nunca imaginei que um dia, de fato, conheceria aquele país tão legal de pronunciar. 14 anos depois meu sonho de criança vai se realizar, assim, totalmente ao acaso. E é por isso que eu acho os sonhos de crianças interessantes. Eles não tem lógica, mas costumam se realizar. 


E você, com o que sonhava quando era criança? Cuidado, pode ser que se realize.